Fotografia: Carlos Pádua
Texto: Jorge Cunha
Tempos houve em que era o sol relógio bastante, e a prová-lo aqui está, no cimo da coluna que diante de nós se levanta, este relógio de sol. Alguém o talhou no brando calcário, com as ferramentas próprias e as da paciência, que a vida corria então com outros vagares. Fez também o ferreiro a sua parte, ainda que menor, lá está a lâmina de ferro a atestá-lo, é ela que deixa na pedra a sua sombra, nos sulcos que o canteiro abriu, quantas horas já por ali passaram...
Das mãos que isto fizeram não há registo, mãos sem rosto, modesta a ciência que as guiou. Delas ficou porém memória nesta pedra, e em muitas outras porventura, vá-se lá agora saber, que mãos destas não cuidam de deixar assinatura no que fazem, não é a glória da posteridade que as move, só o ganho do pão de cada dia.
Sem comentários:
Enviar um comentário