domingo, 30 de dezembro de 2007

Primeiro olhar - O Largo do Pelourinho



































O Largo do Pelourinho fica situado no centro histórico de Esgueira, junto aos antigos Paços do Concelho, e nele confluem a Rua de Bento de Moura, a Rua do Repouso, a Rua do Godinho e a Travessa do Pelourinho. É uma das peças mais relevantes do património de Esgueira. A sua construção é talvez um pouco anterior à dos antigos Paços do Concelho (onde durante muitos anos funcionou a escola primária e que é desde há alguns anos sede da Junta de Freguesia), portanto dos princípios do século XVIII. O pelourinho é um bom e raro exemplar dos pelourinhos em espiral da época barroca. Assenta em pedestal simples, circular e com degraus. No remate, com quatro faces, sobre o qual se apoia a coroa real fechada, está esculpido o brasão nacional, o símbolo de Esgueira (nau de três mastros), três setas cruzadas e a esfera armilar dominada com a cruz de Cristo, a pretender certamente evocar o rei D. Manuel I, que outorgou a Esgueira o foral novo.

(Dados históricos retirados do Boletim Municipal de Aveiro, nº 25-26)


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Sobre as fotografias
  • Primeira fotografia (em cima): Largo do Pelourinho e parte da Rua de Bento de Moura (a nascente do pelourinho). À direita, o edifício dos antigos Paços do Concelho, onde, durante muitos anos, funcionou a escola primária (por lá andei, como muitos outros, até à quarta classe). Ao fundo, a casa onde passei quase toda a infância e adolescência. Pertencia a uma senhora da família Taborda, D. Elisa Taborda, que morava na altura numa casa poucos metros adiante, na ua do General Costa Cascais, onde veio a funcionar (e onde funciona ainda) o Centro Social de Esgueira. (Fotografia sem indicação de data - mas provavelmente da década de 1950 - retirada do livro "Aveiro, Silhuetas do Tempo que Passa", de Amaro Neves e Carlos A. Ramos, edições ADERAV, 1985.)
  • Segunda fotografia: Travessa do Pelourinho, vista a partir do Largo do Pelourinho (Foto de Jorge Cunha, 2000)
  • Terceira fotografia: Largo do Pelourinho e parte da Rua de Bento de Moura (a poente do pelourinho). Ao fundo, a casa da família Almeida de Eça, legada por Vicente de Almeida de Eça à Santa Casa da Misericórdia. Na casa de rés-do-chão diante do pelourinho vivia e tinha a sua oficina, no tempo da minha infância e adolescência, o alfaiate Lindeza (alcunha, suponho). (Foto de Jorge Cunha, 2000)
  • Quarta fotografia: Largo do Pelourinho. (Foto sem indicação de data, retirada do livro "Aveiro, Silhuetas do tempo que Passa", de Amaro Neves e Carlos A. Ramos, edições ADERAV, 1985)
  • Quinta fotografia: Largo do Pelourinho. A casa ao fundo faz esquina entra a Rua do Godinho e a Travessa do Pelourinho. (Foto de Jorge Cunha, 2000)
  • Sexta fotografia: Largo do Pelourinho e parte da Rua de Bento de Moura (a nascente do pelourinho). À direita, o edifício dos antigos Paços do Concelho. (Foto de Jorge Cunha, 2007)

domingo, 23 de dezembro de 2007

Olhares (2ª série) ESGUEIRA


Esta segunda série de "Olhares" dedico-a a Esgueira, o lugar
(a terrinha, a aldeia, na minha infância e adolescência, tão pequena e tão diferente da freguesia urbana que hoje prolonga Aveiro)
onde, tirando alguns períodos relativamente curtos
(os anos dos estudos em Coimbra, dois anos já como professor em Águeda e parte do tempo de tropa)
passei toda a minha vida, o tempo de miúdo, o da escola primária no velho edifício dos Paços do Concelho, os sete anos do liceu em Aveiro, e depois toda a vida de adulto, até hoje
(e até quando?).
Da Esgueira da minha infância
(desde que dela consigo ter alguma memória, a partir aí de 1950, ia eu nos meus seis anos)
até hoje, quase tudo mudou, embora no fundo da memória resistam ainda algumas imagens delidas em que as coisas não passam de contornos vagos delas mesmas, tantos espaços em branco em volta delas, tantas coisas de agora a sobreporem-se-lhes.
Trabalho de saudade, de evocação
(de declínio da vida, só nesta idade nos apercebemos de que temos passado)
mas também a vontade de deixar um testemunho de Esgueira, das diferentes faces com que o tempo a marcou.

Jorge Cunha

quarta-feira, 19 de dezembro de 2007

Pouca terra pouca terra

Linha do Vale do Vouga
Eirol - Aveiro

Fotografia: Jorge Cunha


terça-feira, 18 de dezembro de 2007

Ponte da Rata

Ponte da Rata (sobre o rio Águeda)
Eirol - Aveiro
Fotografia: Jorge Cunha

segunda-feira, 17 de dezembro de 2007

Eis o pão

Padaria tradicional
Fontão - Albergaria-a-Velha
Fotografia: Carlos Pádua
Texto: Jorge Cunha
Eis o pão, tão desigualmente repartido, tão infamemente apropriado, este e todo o pão de que é feita a dignidade dos homens.
Entra um feixe de luz pela janela, dir-se-ia luz divina, cai sobre o pão no tabuleiro, e ficamos a pensar que agora se poderia dar o milagre da multiplicação, não aqui, ou não só aqui, que isso pouca importância teria, mas no largo mundo, não falta quem dele precise desesperadamente, todos o sabemos, tão desesperadamente que para muitos amanhã já será tarde.
Entra um feixe de luz pela janela, mas é apenas o sol numa manhã macia de Outono; e não é Deus que ali está, apenas uma mulher fazendo o seu trabalho.

sábado, 15 de dezembro de 2007

A descarga dos sacos ficará para depois

Sacos de farinha vindos do moinho
Fontão - Albergaria-a-Velha
Fotografia: Carlos Pádua
Texto: Jorge Cunha
Do moinho até casa é sempre a subir, não admira pois que moleiro e azêmola chegassem enfadados. Por isso a carroça ali ficou, no aido, com os varais no chão, a descarga dos sacos ficará para depois. A besta, aliviada do jugo, estará a retouçar à beira do caminho, ou no curral, e o moleiro terá procurado o frescor da casa, a bênção de uma tarraçada de água, o alívio de um banco.
Nas costas de quem olha para a carroça está uma padaria. Pensará quem não conhece o sítio onde agora estamos que será modesta a padaria, por certo, e nisso não erra. Estômagos e sensibilidades mais delicados poderão mesmo ser tomados por alguns engulhos, mas quem esperaria encontrar aqui um lugar asséptico? O forno é aquecido a lenha, vêem-se por ali restos de ramaria seca de eucalipto, as paredes escurecidas pelo fumo não enganam, tão pouco os tectos fuliginosos. São braços que amassam o pão, em velhas masseiras de madeira gastas pelo uso e pelo tempo que tudo come, aí leveda a massa o quanto baste, tudo são gestos sábios e antigos, vêm do fundo do tempo estes saberes. Entra depois o pão no ventre do forno, o calor fará o que falta fazer, é pouco e é muito, não tarda que o milagre do pão se conclua, o ar rescendente irá anunciá-lo em breve.
Então, só então, será oferecida aos olhos deslumbrados a figuração da abundância, o pão para todos.

quinta-feira, 13 de dezembro de 2007

Grão a grão a farinha. O pão virá a seu tempo

Moinho
Fontão - Albergaria-a-Velha
Fotografia: Carlos Pádua
Texto: Joprge Cunha
Até chegar aqui, ao moinho, já o cereal custou muita canseira de braços, e de cabeça também, que é sempre incerto o resultado da semente dada à terra. Muito antes foi o campo lavrado e o grão lançado à leiva; depois, o calor e a chuva, e a mão do homem - e também os desígnios de Deus, não esqueçamos os desígnios de Deus - fizeram crescer os caules e medrar as espigas, amadurando-as por fim, é uma bênção tanto oiro espalhado na eira. Recolheu depois o grão às arcas, e aí fica, até chegar a hora de ser levado ao moinho, é esse o seu destino.

quarta-feira, 12 de dezembro de 2007

Como um velho ao sol: gasta pelo trabalho, pelo tempo

Fontão - Albergaria-a-Velha

Fotografia: Carlos Pádua


A mão da Natureza

Moinho na ribeira do Fontão
Fontão - Albergaria-a-Velha
Fotografia: Carlos Pádua

terça-feira, 11 de dezembro de 2007

Sobre a ribeira um moinho

Moinho na ribeira do Fontão
Fontão - Albergaria-a-Velha
Fotografia: Carlos Pádua
Texto: Jorge Cunha

A ribeira vem descendo por um pequeno vale, há salgueiros a bordejá-la, aqui e além uma parreira. De um e outro lado, exíguas courelas, pastos, milharais, pintam de verde o silêncio. Considerou o moleiro que o sítio era a contento para o trabalho que tem a fazer, a quietude do lugar também lhe aprouve, por isso aqui fez a sua casa e o seu moinho. Passa-lhe por baixo a água da levada, no Verão é apenas um murmúrio transparente, turva rouquidão nas enchentes invernosas. Além da companhia que lhe faz, a ribeira é como uns segundos braços, sempre prontos e incansáveis, sem nunca se negarem quando há trabalho para fazer. Por isso o moleiro aqui ficou, é este o seu lugar.


sexta-feira, 7 de dezembro de 2007

Aqui fez o moleiro a sua casa

Casa do moleiro
Fontão - Albergaria-a-Velha
Fotografia: Carlos Pádua

quarta-feira, 5 de dezembro de 2007

Olha-se e o que se vê é o silêncio

Campos de Taboeira
Esgueira - Aveiro

Fotografia: Carlos Pádua


terça-feira, 4 de dezembro de 2007

Mais um Verão passou

Casa de lavoura - Cacia
Fotografia: Carlos Pádua
Texto: Jorge Cunha

Estamos agora neste aido e, olhando em volta, é fácil de ver que mais um Verão passou, há sinais que não enganam, basta ler naquilo que se vê. O aido é, a seu modo, um espelho do correr do tempo: lá está no cabanal a palha do milho, as espigas foram já debulhadas, o grão que doirou na eira à quentura do sol recolheu já ao celeiro, à fundura das tulhas; jazem pelo chão as abóboras, algumas nos telhados, todo o Verão incharam à força do calor e das regas, de mais não precisam para ficarem tamanhas; secaram os feijoeiros e os feijões, ali estão agora as varas encostadas ao muro, terão ainda serventia no ano que há-de vir; cortada está a lenha e empilhada ao abrigo do telhal, não tarda que a lareira se acenda sob a grande chaminé da cozinha, para aquentar as panelas e os corpos.

Vai o tempo fluindo, e nele se consomem os nossos actos quotidianos. E assim, no fluir do tempo, umas mãos hoje, outras amanhã, vão afeiçoando todas as pequenas coisas de que a vida é feita, de que as vidas são feitas.


quinta-feira, 29 de novembro de 2007

Caminho

Campos de Taboeira
Esgueira - Aveiro
Fotografia: Carlos Pádua
Texto: Jorge Cunha
Vai o caminhante no seu caminho e na sua vida e, como é de regra em quem assim vai, não reparam os seus olhos nas coisas por que passa. Vai metido com os seus pensamentos, a falar com os seus botões, a evocar no seu íntimo algum gosto, ou a remoer com azedume, ou mágoa, ou revolta, algum desgosto, ou simplesmente a pensar em nada, o que também acontece, ainda que isto seja só uma maneira de dizer, porque sempre o pensamento está a pensar em alguma coisa, mesmo que essa alguma coisa não seja mais que um discorrer sem rumo certo, folha levada pelo vento. Podem também os olhos do caminhante estar velados pela névoa da rotina de quem já muitas vezes passou pelo mesmo sítio, sabendo-se como é a habituação uma particular forma de cegueira.
Mas não somos agora esse caminhante. Reparemos, por isso, nesta paisagem, que bem o merece. Deixemos os olhos ir do perto para o longe, ou ao contrário, dos contornos difusos que a distância dá às coisas para a nitidez do que está perto; não deixemos passar despercebida a harmonia do todo, feita da aparente desordem das suas partes; nem este caminho que vai ao longo do campo entre luz e sombra; nem estas árvores que aqui, na beira do caminho, têm as suas raízes, e a sua sombra, e o Outono anunciado.

quarta-feira, 28 de novembro de 2007

A terra, a água, o homem

Ribeira do Senhorio - Mataduços
Esgueira - Aveiro
Fotografia: Carlos Pádua

segunda-feira, 26 de novembro de 2007

Esteiro


Esteiro de Esgueira

Esgueira - Aveiro

Fotografia: Carlos Pádua




quarta-feira, 21 de novembro de 2007

Um fio de água no silêncio

Mataduços - Esgueira - Aveiro

Fotografia: Carlos Pádua

Texto: Jorge Cunha

Ao fundo da aldeia a estrada curva, subitamente se aperta, ganha um leve declive, e vai depois descendo sob uma abóbada vegetal que feixes de luz atravessam num jogo de claro-escuro. Combros ladeiam o caminho de um e outro lado, e o silêncio cai do céu, imponderável e cheio de mistério. Ao fundo, onde a azinhaga desemboca na plena luz, está ainda a modesta fonte do Senhorio. Um fio de água cai no pequeno tanque, em baixo, num brando murmúrio que faz, também ele, parte do silêncio.


segunda-feira, 19 de novembro de 2007

Marcas do tempo

Vista Alegre - Ílhavo

Fotografia: Jorge Cunha


domingo, 18 de novembro de 2007

Descanso

Vista Alegre - Ílhavo

Fotografia: Jorge Cunha


sábado, 17 de novembro de 2007

Harmonia

Vista Alegre - Ílhavo

Fotografia: Carlos Pádua

Texto: Jorge Cunha

Cresceram as árvores segundo a sua particular natureza, tomando as formas que lhes deram os ventos e os sóis. Cresceu a torre da igreja até onde os homens a fizeram subir, dando-lhe as formas que foi de sua vontade dar-lhe. Aqui estão agora, para quem os saiba ver, as árvores, a torre, o céu, a claridade e as sombras, a natureza e o homem, o equilíbrio, a justa proporção - um fragmento de harmonia.


quinta-feira, 15 de novembro de 2007

O largo era o centro do mundo

Vista Alegre - Ílhavo

Fotografia: Carlos Pádua

segunda-feira, 12 de novembro de 2007

O tempo e o modo

Capela da Vista Alegre - Ílhavo
Fotografia: Carlos Pádua

domingo, 11 de novembro de 2007

Relógio de sol

Vista Alegre - Ílhavo
Fotografia: Carlos Pádua
Texto: Jorge Cunha

Tempos houve em que era o sol relógio bastante, e a prová-lo aqui está, no cimo da coluna que diante de nós se levanta, este relógio de sol. Alguém o talhou no brando calcário, com as ferramentas próprias e as da paciência, que a vida corria então com outros vagares. Fez também o ferreiro a sua parte, ainda que menor, lá está a lâmina de ferro a atestá-lo, é ela que deixa na pedra a sua sombra, nos sulcos que o canteiro abriu, quantas horas já por ali passaram...
Das mãos que isto fizeram não há registo, mãos sem rosto, modesta a ciência que as guiou. Delas ficou porém memória nesta pedra, e em muitas outras porventura, vá-se lá agora saber, que mãos destas não cuidam de deixar assinatura no que fazem, não é a glória da posteridade que as move, só o ganho do pão de cada dia.

quinta-feira, 8 de novembro de 2007

Um banco sob as árvores

Vista Alegre - Ílhavo
Fotografia: Carlos Pádua
Texto: Jorge Cunha

Servem os bancos para a gente neles se sentar e dar às pernas o descanso reclamado, mormente quando os anos de todo o corpo lhes pesam em cima, não é por acaso que são os velhos os seus mais frequentes usuários, ainda que uma outra razão haja também para isso, e que é o facto de, sendo-lhes o tempo já escasso, lhes sobejar tempo, contradição apenas aparente, como é fácil de ver.
Porém, sendo aprazível o sítio, e de feição o momento e a companhia, podem os bancos, além do descanso, dar azo a que se solte a língua, ou o pensamento, ou ambas as coisas, não se julgue que não se pode dar à língua sem pensar, não faltam por aí exemplos que o comprovam.
Aqui, estando os bancos num jardim privado, ao abrigo da devassa de olhares curiosos ou indiscretos, ou até malevolamente bisbilhoteiros, convidam a que se embrenhe o pensamento por caminhos mais romanescos, não faltará quem já ali veja um par de enamorados, bem chegados um ao outro apesar da largueza do banco e da amenidade do tempo, bem sabemos que não são razões de espaço ou de temperatura que isto fazem, todos temos um pouco dessa experiência, faz parte da vida, mesmo da dos puritanos mais assanhados.
Mas enfim, vá cada um aonde o levar a imaginação, são muitos e variados os seus caminhos, não temos que dar sugestões a ninguém, imaginação é coisa que não falta, use-a pois cada um a seu bel-prazer.

segunda-feira, 5 de novembro de 2007

Diante de uma janela

Vista Alegre - Ílhavo

Fotografia: Carlos Pádua

Texto: Jorge Cunha


De duas maneiras se pode estar diante de uma janela: de fora, olhando-a, ou de dentro, olhando por ela para fora.
Agora estamos nós daqui de fora a olhar esta janela, com vagar e sossego, como convém àqueles que, olhando, querem ver e apreciar, e por este modo vamos percorrendo, neste instante em que o tempo parou, os seus contornos em parte apagados pela folhagem que a envolve, os jogos de luz e de sombra, o labirinto de ramos ali à beira. E assim fica um pouco de nós neste recanto, como em nós fica a sua discreta e singela maravilha, a sua paz.
Diferente é o estar de quem está de dentro. Vem à janela e, pelas vidraças, ou abrindo-a, é para além dela que estende o olhar, para ver o tranquilo espelho da ria, ou o arvoredo e o casario defronte, ou alguém que passa na rua, ou simplesmente para espreitar como está o tempo. E não faltam ainda as ocasiões em que os olhos, parecendo estar a olhar para fora, estão apenas a ver o que nos vai por dentro.

quinta-feira, 1 de novembro de 2007

O rosto da casa

Vista Alegre - Ílhavo

Fotografia: Carlos Pádua


Enigma

Vista Alegre - Ílhavo

Fotografia: Carlos Pádua


terça-feira, 30 de outubro de 2007

Está o portão entreaberto

Vista Alegre - Ílhavo

Fotografia: Carlos Pádua

Texto: Jorge Cunha


Está o portão entreaberto, entremos. Não nos levarão a mal a bem intencionada curiosidade, quem se iria sentir molestado por lhe louvarem a beleza do que é seu? O que de fora se vislumbra apraz ao olhar, mas a curiosidade, essa, não fica apaziguada, há por certo muita coisa que daqui se não vê, e o portão, assim como está, é como um decote fazendo sugestões, perdoe-se-nos o despropósito da comparação. Que o bicho homem (aqui obviamente incluídas as mulheres) sempre assim foi e continuiará a ser, não descansa enquanto não vê na totalidade o que apenas se lhe entremostra, e não falta quem insidiosamente explore esta nossa fraqueza, ou virtude, dependerá do ponto de vista, ainda que depois o que antes estava escondido e agora se mostra ao olhar fique aquém do que se esperava.
Mas não será esse o caso aqui. Entremos, pois.

domingo, 28 de outubro de 2007

Para lá deste arco

Vista Alegre - Ílhavo
Fotografia: Carlos Pádua
Texto: Jorge Cunha

Para lá deste arco não consegue romper o olhar, daqui donde nos encontramos. A imaginação sim, já lá vai, está já construindo imagens na nossa mente. Não tardará que também os passos nos levem um pouco mais adiante, e então veremos se aquilo que os olhos vêem é o mesmo, ou parecido, ou totalmente diferente do que viu a imaginação. Até lá, apreciemos simplesmente o que aos olhos é dado ver, e no fim acharemos por certo que não foi mal gasto o nosso tempo.

Casa sobre a água

Vista Alegre - Ílhavo

Fotografia: Carlos Pádua

Texto: Jorge Cunha

Que a vista é alegre logo o nome o anuncia a quem chega, e não tarda que os olhos o confirmem. Assim o terá achado quem ao lugar deu o nome que tem, e nisso bem andou, dizemos nós, porqueainda hoje estão em boa avença o lugar e o seu nome.

sexta-feira, 26 de outubro de 2007

Rio Novo do Príncipe

Ponte sobre o Vouga, perto da foz
Vilarinho - Cacia - Aveiro

Fotografia: Carlos Pádua


Fim de Verão

Casa de lavoura
Cacia - Aveiro

Fotografia: Carlos Pádua


Quietude

Esteiro de Esgueira
Esgueira - Aveiro

Fotografia: Carlos Pádua


quinta-feira, 25 de outubro de 2007

Uma árvore à beira do caminho

Campos de Taboeira
Esgueira - Aveiro

Fotografia: Carlos Pádua

Olhares (1ª série) UM OLHAR VAGABUNDO

Olhares.
Não simplesmente olhar
ver, apreender
e depois deixar que aquilo que o olhar apreende sugira pensamentos e emoções
e faça nascer as palavras.

"Olhares" resultou de um trabalho feito aos poucos, em tempos livres, pelo Carlos Pádua e por mim, em 1990, éramos nós
além de amigos de há muitos anos
professores na Escola EB 2-3 Aires Barbosa, em Esgueira
(Aveiro, para quem não saiba)
o Carlos Pádua professor de Educação Visual, eu de Língua Portuguesa.
As fotografias são, na sua grande maioria, do Carlos Pádua
minhas apenas algumas, poucas
os textos são meus
o trabalho, ainda que modesto, é nosso, nasceu da nossa amizade
e nasceu também do gosto comum por olhar e guardar pequenas coisas, instantes irrepetíveis, que por razões ignoradas nos tocaram.

Jorge Cunha