Fotografia: Carlos Pádua
Texto: Jorge Cunha
Servem os bancos para a gente neles se sentar e dar às pernas o descanso reclamado, mormente quando os anos de todo o corpo lhes pesam em cima, não é por acaso que são os velhos os seus mais frequentes usuários, ainda que uma outra razão haja também para isso, e que é o facto de, sendo-lhes o tempo já escasso, lhes sobejar tempo, contradição apenas aparente, como é fácil de ver.
Porém, sendo aprazível o sítio, e de feição o momento e a companhia, podem os bancos, além do descanso, dar azo a que se solte a língua, ou o pensamento, ou ambas as coisas, não se julgue que não se pode dar à língua sem pensar, não faltam por aí exemplos que o comprovam.
Aqui, estando os bancos num jardim privado, ao abrigo da devassa de olhares curiosos ou indiscretos, ou até malevolamente bisbilhoteiros, convidam a que se embrenhe o pensamento por caminhos mais romanescos, não faltará quem já ali veja um par de enamorados, bem chegados um ao outro apesar da largueza do banco e da amenidade do tempo, bem sabemos que não são razões de espaço ou de temperatura que isto fazem, todos temos um pouco dessa experiência, faz parte da vida, mesmo da dos puritanos mais assanhados.
Mas enfim, vá cada um aonde o levar a imaginação, são muitos e variados os seus caminhos, não temos que dar sugestões a ninguém, imaginação é coisa que não falta, use-a pois cada um a seu bel-prazer.
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